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20/01/2020 às 18h21
As descargas atmosféricas e a qualidade de energia
As descargas atmosféricas e a qualidade de energia

As descargas atmosféricas são fenômenos naturais de características probabilísticas, associadas às correntes elétricas de alta intensidade e curta duração. Anualmente, as descargas atmosféricas causam inúmeras mortes e enormes prejuízos em nosso país¹. 

No Brasil, a proteção contra as descargas atmosféricas é obtida pela aplicação da norma técnica ABNT NBR 5419:20152,3,4,5, Proteção contra descargas atmosféricas, dividida em quatro partes, que aborda os princípios gerais da proteção, quantifica os riscos existentes e nos mostra como proteger as pessoas, as edificações e os seus sistemas eletroeletrônicos.

Como não existem tecnologias que atraiam os raios, nem impeçam que eles aconteçam, a norma ABNT NBR 5419:2015 fornece o estado da arte na proteção contra descargas atmosféricas para as edificações. No caso de áreas abertas, como praias, parques e campos esportivos, devem ser utilizados os sistemas de alerta de tempestade conforme a norma técnica ABNT NBR 16785:20196, Proteção contra descargas atmosféricas - Sistemas de alerta de tempestades elétricas.

Do ponto de vista das instalações elétricas, de energia ou sinal, a parte 4 da norma ABNT NBR 5419:2015, apresenta o conceito de pulso eletromagnético devido às descargas atmosféricas (Lightning Electromagnetic Pulse (LEMP). Em um conceito de Compatibilidade Eletromagnética (EMC), a descarga atmosférica transfere uma grande quantidade de energia para as instalações elétricas e as Medidas de Proteção contra Surtos (MPS), essência da parte 4 da ABNT NBR 5419:2015, são as ferramentas para que esta transferência seja minimizada.

As MPS consistem basicamente em:

1)      Aterramento (imagem 2) e equipotencialização;

2)      Blindagem magnética e roteamento das linhas;

3)      Coordenação de DPS;

4)      Interfaces isolantes.

Imagem 2. Um sistema único de aterramento é ideal para a proteção contra as descargas atmosféricas

Para a especificação das MPS em um projeto é necessário ler a parte 4 da ABNT NBR 5419:2015, mas para compreendê-las pode ser útil pensar sobre a filosofia básica destas medidas. Como não é possível interromper ou bloquear uma corrente de surto ou sobretensão transitória, as MPS basicamente desviam o LEMP para um ponto da instalação onde ele não causará danos. Novamente, retornando ao conceito de EMC, existem três maneiras de garantir o perfeito funcionamento de um sistema eletroeletrônico:

·         Reduzir a emissão de perturbações,

·         Limitar o acoplamento entre fonte e receptor e

·         Aumentar a imunidade do receptor às perturbações.

As MPS atuam na segunda possibilidade, já que não é possível reduzir o valor da energia liberada por um raio, não sabemos onde ele vai atingir e as características do equipamento são objeto de normas de produto.

Os profissionais da área de instalações elétricas devem estar atentos às demandas de seus clientes por energia com qualidade. Entender as descargas atmosféricas através da visão do LEMP, e não apenas como algo ligado a um para-raios no alto de um prédio, é fundamental para a produtividade e eficiência da nossa economia.

1) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT). http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/noticias/vitimas.de.raios.-.infografico.php

2) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR5419-1:2015: Proteção contra descargas atmosféricas, parte 1: Princípios gerais. Rio de Janeiro, 2018. 67p.

3) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR5419-2:2015, versão corrigida 2018: Proteção contra descargas atmosféricas, parte 2: Gerenciamento de risco. Rio de Janeiro, 2018. 104p.

4) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR5419-3:2015, versão corrigida 2018: Proteção contra descargas atmosféricas, parte 3: Danos físicos a estrutura e perigos à vida. Rio de Janeiro, 2018. 51p.

5) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR5419-4:2015, versão corrigida 2018: Proteção contra descargas atmosféricas, parte 4: Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura. Rio de Janeiro, 2018. 87p.

6) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16785:2019: Proteção contra descargas atmosféricas - Sistemas de alerta de tempestades elétricas. Rio de Janeiro, 2019. 62p.

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